Quando estávamos no último corredor, passando o restante das compras, minha mãe deu um longo suspiro - aquele tipo de suspiro que traz dentro de si certo desgosto - e como achei demasiadamente estranho, perguntei o que havia acontecido.
– Nada demais, filha – ela disse desanimada. – É que eu estava pensado que hoje em dia não existem mais produtos dentro da Regra do B.
– Regra do B? Que coisa é essa? – perguntei.
– É simples – ela começou sua explicação – Desde quando eu era pequena minha mãe falava para mim “quando você encontrar algo bom, bonito e barato. Compre", essa é a Regra do B, achar alguma coisa boa, bonita e barata.
– Isso é estranho – comentei.
– Era divertido quando eu tinha sua idade, eu vivia procurando coisas boas, bonitas e baratas – ela me disse fitando o vazio. – Se há mais de vinte anos era difícil encontrar, imagina hoje, isso mal existe.
Não falamos mais das esquisitices familiares naquele dia, porém aquilo se fixou em minha mente. Comecei uma incansável busca por algo que estivesse dentro da regra. Na primeira semana foi divertido...
Depois de um mês ficou incontrolável!
Comecei a criar teorias: Se algo é bom e bonito, não é barato. Se é barato e bonito, não é bom. E se for bom e barato, não é bonito.
Acho que cada família cria um tipo de "regrinha" para entreter as crianças, pelo menos era assim na época da minha mãe. Não sei se a infância dela foi mais feliz do que a minha, mas já nasci em uma época que possuía algumas tecnologias. As vezes penso nos meus filhos: O que eles dirão das minhas brincadeiras de criança? Será que um dia jogar Playstation será tão estranho quanto acho ouvir o nome das brincadeiras do passado?
Para por um fim nessa história, faz uma semana que minha mãe felizmente encontrou algo na Regrinha do B: Uma bonequinha de porcelana, a coisa mais linda que eu já vi. É feita de material bom, é muito bonita e acima de tudo foi uma pechincha!
Só que olhando para ela, às vez penso: Para que nosso novo objeto na Regra do B irá servir?
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